segunda-feira, 12 de maio de 2014

O Papel Social da Literatura

 Ao considerarmos a literatura um testemunho histórico por apreender a dinâmica social, consequentemente somos levados a entender também o escritor como um produto de sua época e de sua sociedade.
Portanto, é esse entrelaçamento entre a literatura, o escritor, a sociedade e a história, que possibilita o surgimento da interdisciplinaridade, entendida aqui como diálogo que serve de reflexão sobre as relações culturais na literatura.

Tendo a literatura como produto cultural é inevitável refletir sobre o que é cultura e qual a relação entre cultura e sociedade, essa reflexão servirá para uma compreensão melhor e de embasamento sobre a função social da literatura e seu entendimento como produto cultural.
Considerando que a noção de cultura é complexa, recorremos nesse início de conversa a uma definição segundo o dicionário Aurélio (1993):
Cultura sf. 1. Ato, efeito ou modo de cultivar. 2.Fig. O complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas, intelectuais, etc., transmitidas coletivamente, e típicas de uma sociedade. 3.Fig. O conjunto dos conhecimentos adquiridos em determinado campo.
 Dessa definição, pode-se concluir primeiro que cultura não é algo inato, ou seja, natural no homem, mas algo que deve ser transmitido, portanto, que deve ser cultivado; segundo se é algo a ser adquirido, isso implica então, um processo de formação do indivíduo e terceiro se é um complexo padrão de comportamento que envolve crenças, podemos então entender cultura como diversidade que explica a pluralidade existente nas sociedades humanas.


                                                       (imagem:http://www.google.com.br/)

Ora, se cultura é essa pluralidade e essa diversidade, então não podemos entendê-la como um conjunto harmônico, e sim como cenário de conflitos e disputas que caracterizam por sua vez a sociedade.
Logo, essa reflexão nos conduz a olhar a literatura não como espelho da sociedade, mas como um meio transmissor de informações, cuja função social é facilitar ao homem a compreensão desses conflitos em sua pluralidade e diversidade, e assim emancipar-se dos dogmas que a sociedade lhe impõe. 
Para realçar nosso ponto de vista citamos Facini (2004):
A literatura não é espelho do mundo social, mas parte constitutiva desse mundo. Ela expressa visões de mundo que são coletivas de determinados grupos sociais. Essas visões de mundo são informadas pela experiência histórica concreta desses grupos sociais que as formulam, mas são também elas mesmas construtoras dessa experiência. Elas compõem a prática social material desses indivíduos e dos grupos sociais aos quais eles pertencem ou com os quais se relacionam. Nesse caso, analisar visões de mundo e idéias transformados em textos literários supõe investigar as condições de sua produção, situando seus autores histórica e socialmente.(p.25).

Como vemos não podemos desprezar o elemento histórico na leitura da obra literária e de sua análise, dessa forma se faz necessário situarmos autor e obra em seu tempo, pois, enquanto representação da cultura de um povo, portanto, um ato social , a literatura funciona em mão dupla, ou seja, assim como sofre a ação do meio em que é produzida, sobre ele age, atuando como elemento de reflexão crítica dos valores sociais.


Por: Maiara Bomfim e Simone Pinto



Fonte: https://www.scielo.com 

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