quarta-feira, 28 de maio de 2014

Literatura: Mulher por Mulher

Durante muito tempo, a literatura foi um território ocupado unicamente pelos homens. E demorou para que ela abrisse um espaço oficial para que as mulheres também pudessem se expressar. Igualmente, por muito tempo, a única imagem feminina retratada nas obras literárias era reflexo da visão de autores (homens) que as descreviam, na maioria das vezes, como mulheres frágeis e submissas. Foi nadando contra essa corrente que muitas escritoras lutaram para conquistar o reconhecimento de suas narrativas. Emily Brontë, de O Morro dos Ventos Uivantes, por exemplo, se viu obrigada a escrever sobre o pseudônimo masculino de Ellis Bell. Jane Austen, de Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade, foi mais além e conseguiu publicar livros em uma época em que a mulher ainda não era reconhecida intelectualmente.



A imprensa editada por mulheres, que teve seu auge em meados do século XIX, foi um ajuda decisiva para vencer essa batalha. Influenciada pelos movimentos feministas da época, o Jornal das Senhoras, primeira publicação do gênero no Brasil (Rio de Janeiro) , abriu um importante espaço para divulgação de temas do universo feminino e expressão de artistas, escritoras e políticas. Depois disso, elas conquistaram seu espaço e revelaram seu talento para o mundo.

Por: Erveris Carlos e Sheila Coelho

Fonte:  http://www.blog.estantevirtual.com.br/

terça-feira, 27 de maio de 2014

O que é ser mulher e negra na literatura afro brasileira




A hegemonia da mulher negra na literatura afro resulta na integração de um contexto histórico social atribuído às mulheres brancas e negras. Na esfera da marginalização social do século XIX, a mulher negra conseguia sua carta de alforria, porém, continuava escrava de uma sociedade racista, pois vivia em um contexto social criado por homens brancos e para homens brancos, se a mulher branca era escrava de uma sociedade machista, a negra nem esse direito possuía, era simplesmente uma  negra alforriada, ela acabava sendo discriminada por ser mulher e também negra.


Historicamente a mulher negra não luta ao lado da mulher branca pelos seus direitos ao mesmo tempo, enquanto a branca luta pela libertação de uma sociedade machista, a negra vive e luta para se libertar do julgo da escravidão imposta aos negros e para se reerguerem ou sobreviverem sozinhas em uma sociedade injusta.


“O que a mulher negra busca tem ultrapassado as necessidades das mulheres brancas e não acontecem no mesmo plano temporal”. O estereótipo da mulher negra na sociedade e dentro dos textos literários escritos por autores homens, era visto da seguinte maneira: mulher branca feita para casar e ter filhos, a mulher negra para trabalhar nos afazeres domésticos, e a mulata era tido como símbolo sexual, usadas pelos homens casados e solteiros para a fornicação.
Os textos e os autores literários do século XIX visavam acompanhar os modelos europeus, na qual desprestigiava as atuações das diversas etnias, ficando restrito a alguns estereótipos hierarquizadas na divisão de classes.


Entretanto diante dos fatos podemos constatar que a literatura afro feminina passou realmente ser afro a partir do momento que escritoras negras como a Maria Firmino Reis coloca-se na contramão do discurso época, e escreve primeiro romance dela “Úrsula”, onde os personagens negros são sujeitos dentro da narrativa.
“Por sua atuação cultural, intelectual e literária, Maria Firmino colocou-se na contramão do discurso dominante da época, merecendo destaque em sua narrativa abolicionista. 


Por: Erveris Carlos e Sheila Coelho

segunda-feira, 12 de maio de 2014

ABCD em Revista: Mulheres na Literatura

O Papel Social da Literatura

 Ao considerarmos a literatura um testemunho histórico por apreender a dinâmica social, consequentemente somos levados a entender também o escritor como um produto de sua época e de sua sociedade.
Portanto, é esse entrelaçamento entre a literatura, o escritor, a sociedade e a história, que possibilita o surgimento da interdisciplinaridade, entendida aqui como diálogo que serve de reflexão sobre as relações culturais na literatura.

Tendo a literatura como produto cultural é inevitável refletir sobre o que é cultura e qual a relação entre cultura e sociedade, essa reflexão servirá para uma compreensão melhor e de embasamento sobre a função social da literatura e seu entendimento como produto cultural.
Considerando que a noção de cultura é complexa, recorremos nesse início de conversa a uma definição segundo o dicionário Aurélio (1993):
Cultura sf. 1. Ato, efeito ou modo de cultivar. 2.Fig. O complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas, intelectuais, etc., transmitidas coletivamente, e típicas de uma sociedade. 3.Fig. O conjunto dos conhecimentos adquiridos em determinado campo.
 Dessa definição, pode-se concluir primeiro que cultura não é algo inato, ou seja, natural no homem, mas algo que deve ser transmitido, portanto, que deve ser cultivado; segundo se é algo a ser adquirido, isso implica então, um processo de formação do indivíduo e terceiro se é um complexo padrão de comportamento que envolve crenças, podemos então entender cultura como diversidade que explica a pluralidade existente nas sociedades humanas.


                                                       (imagem:http://www.google.com.br/)

Ora, se cultura é essa pluralidade e essa diversidade, então não podemos entendê-la como um conjunto harmônico, e sim como cenário de conflitos e disputas que caracterizam por sua vez a sociedade.
Logo, essa reflexão nos conduz a olhar a literatura não como espelho da sociedade, mas como um meio transmissor de informações, cuja função social é facilitar ao homem a compreensão desses conflitos em sua pluralidade e diversidade, e assim emancipar-se dos dogmas que a sociedade lhe impõe. 
Para realçar nosso ponto de vista citamos Facini (2004):
A literatura não é espelho do mundo social, mas parte constitutiva desse mundo. Ela expressa visões de mundo que são coletivas de determinados grupos sociais. Essas visões de mundo são informadas pela experiência histórica concreta desses grupos sociais que as formulam, mas são também elas mesmas construtoras dessa experiência. Elas compõem a prática social material desses indivíduos e dos grupos sociais aos quais eles pertencem ou com os quais se relacionam. Nesse caso, analisar visões de mundo e idéias transformados em textos literários supõe investigar as condições de sua produção, situando seus autores histórica e socialmente.(p.25).

Como vemos não podemos desprezar o elemento histórico na leitura da obra literária e de sua análise, dessa forma se faz necessário situarmos autor e obra em seu tempo, pois, enquanto representação da cultura de um povo, portanto, um ato social , a literatura funciona em mão dupla, ou seja, assim como sofre a ação do meio em que é produzida, sobre ele age, atuando como elemento de reflexão crítica dos valores sociais.


Por: Maiara Bomfim e Simone Pinto



Fonte: https://www.scielo.com 

Mulheres na Literatura

Sobre Novas Escritoras

Nas últimas décadas a cultura brasileira vivenciou um período de acentuado desenvolvimento tecnológico; com isso, a literatura que antes era acessível apenas à minoria, hoje se encontra disponível das mais variadas formas.

A internet é um importante instrumento de acessibilidade, qualquer pessoa on-line é capaz de baixar obras completas literárias, desde clássicos aos atuais; desde bibliografias à ficção; desde poesias à contos, etc.  

Antes, a visibilidade das obras era algo complexo, atualmente um escritor pode disponibilizar seu trabalho em um blog, por exemplo. 

Tendo em vista essa questão, para exemplificar trago a escritora Karina Rabinovitz, uma artista contemporânea que espalha sua poesia pelas ruas de Salvador. 

 Av. Tancredo Neves

Av. Carlos Gomes - 2 de Julho

Rio Vermelho

Garcia

Conheça mais sobre a artista e seu trabalho em seu blog pessoal: http://www.karinarabinovitz.blogspot.com.br/


Por: Maiara Bomfim e Simone Pinto

Literatura Feminina

Embora o homem tivesse o seu espaço reconhecido na literatura – os trovadores, os românticos, os realistas, os simbolistas, e mais os e os da vida – nem sempre, na realidade, a arte foi feita pelo gênero masculino. O exemplo disso: o primeiro romance publicado do mundo inteiro foi escrito por uma mulher, Murasaki Shibiku, uma japonesa, escreveu o livro “A História de Genji”, contando a história de um príncipe em busca do amor e da sabedoria. O livro foi escrito no ano 1007. Partindo desse ponto, as mulheres, que eram educadas a ficar em casa, tinham muito mais tempo de aprender e apreciar a literatura, bem como fazê-la. Mulheres nunca se limitaram a ser apenas a “dona de casa”, essa era a imposição social que as algemavam diante do meio, mas muitas ultrapassavam essas barreiras, assim como ainda o fazem.

Outra mulher marcante na literatura foi Jane Austin, que viveu o fim do século de XVIII e o início do século XIX. Nessa época ainda não havia correntes feministas como há nos dias de hoje. As mulheres não questionavam os valores da educação que recebiam publicamente – embora muitas delas quisessem fazê-lo. Jane Austin, sem se declarar militante ou algo do tipo, incutiu em seus livros ideais de liberdade para as mulheres, suas personagens sempre se mostravam como mulheres cultas e determinadas, que procuravam não deixar que o machismo imperante domasse sua liberdade. Podemos dizer que o exemplo mais famoso disso é sua personagem Elizabeth Bennet – que é, por sinal, a personagem que J. K. Rowling gostaria de ser, como afirmou em entrevista para o The New York Times.
Avançando um pouco no século XX, sabemos que na década de 60 há intensificação de movimentos feministas, as mulheres começam a se organizar e definir qual é o seu papel na sociedade. As mulheres que conhecemos hoje, independentes, seguras e livres são resultado dessas outras, que no último século lutaram para que todas pudessem se emancipar.

                                                   (imagem: http://www.google.com.br/)

Em 21 de abril de 1930, Hilda Hist – poeta, ficcionista, cronista e dramaturga, é considerada pela crítica como uma das maiores escritores em língua portuguesa do século XX. Clarice Lispector, pertencente ao movimento modernista de 45, é ainda hoje considerada um dos grandes nomes da prosa brasileira. Rachel de Queiroz tornou-se, em 1977, a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras. Pela Global Editora, tem publicada a seguinte obra: Melhores Crônicas Rachel de Queiroz, com seleção e prefácio de Heloisa Buarque de Holanda. Ana Maria Machado é, desde 2003, a cadeira número um da Academia Brasileira de Letras, na qual desenvolve intensa atividade na divulgação dos livros e da literatura. Ela iniciou sua carreira como pintora e, hoje, possui mais de cem livros publicados no Brasil e em mais de dezessete países, somando mais de 18 milhões de exemplares vendidos.

Voltemos um pouco para 1997, quando J. K. Rowling lança Harry Potter e a Pedra Filosofal. Uma mãe solteira e desempregada se torna a primeira pessoa bilionária vendendo livros. Além de ter influenciado toda uma geração de leitores, abrindo portas para escritoras de todos os lugares do mundo. Depois dela, que enfrentou preconceito por escrever literatura fantástica sendo mulher, abriu-se espaço para várias outras mulheres se arriscarem em diversos gêneros. Stephenie Meyer, Suzanne Collins, Gillian Flynn, Veronica Roth, Cassandra Clare, Cornelia Funk, Cressida Cowell.


Fonte:
http://www.scielo.com/
http://www.cabineliteraria.com.br/

terça-feira, 29 de abril de 2014

Corpo e Voz

 A produção literária da mulher brasileira surge em face de um discurso canônico literário e, de forma mais ampla, cultural, produzido de maneira geral por homens e expressado por uma ideologia machista. Lentamente, começando com a literatura inicialmente esporádica de autoras isoladas pelo tempo e pelo espaço, e principalmente a partir da década de 60, as escritoras brasileiras vêm desconstruindo mitos culturais que enquadraram a mulher em padrões rígidos de feminilidade, beleza e juventude, e em modelos de comportamento social permitido à mulher e dela esperado, padrões e modelos esses que afetam profundamente o sentido de identidade do sujeito feminino e sua relação com seu corpo, sua sexualidade e seu desejo. 

                                                      (imagem: http://www.google.com)

Nessa produção literária, especialmente a ficção e a poesia, observa-se que as escritoras brasileiras contemporâneas, ou seja, a partir da década de 70, têm construído um espaço literário de onde as vozes femininas que se fazem ouvir são realmente suas, e não resultado de um ventriloquismo masculino.  A voz que fala, que narra, que conta e faz poesia, é a voz que emerge de um corpo de mulher, já que por muitas vezes os homens se impuseram como escritores nomeados com pseudônimos de mulher, ou seja, construíam um discurso irreal enquanto idealizavam ideais supostamente femininos, oprimindo o que de fato emergia do consciente feminino.  Para ouvir-se claramente essa voz/identidade, torna-se necessário, portanto, olhar detidamente para esse corpo, para a sexualidade e o desejo da mulher representada na literatura de nossas escritoras.

Literatura essa que, encorajada pelas obras fundamentais de Lispector, Raquel de Queirós e Telles, mas também pela narrativa  ousada de uma Maria Lacerda de Moura ou pela poesia rebelde de uma Gilka Machado e, logo, pelo trabalho de Nélida Piñon, Márcia Denser, Sonia Coutinho, Miriam Alves, Marina Colasanti e outras, influencia a mulher brasileira a realizar um discurso contra-ideológico, à medida que procura encontrar uma linguagem autêntica com que possa dar expressão a uma nova mulher (novas mulheres) e à sua realidade sempre em processo de transformação.


Fontes:
Helena, Lúcia.  “Corpo de escrita:  poesia tem gênero?”  Introdução a “Vinte e duas poetas hoje.” Poesia sempre 10 (February 1999):  203-08.
http://www.scielo.com